Doenças Gestacionais: o que toda gestante precisa saber para uma Gravidez Segura e Saudável

Doenças Gestacionais: o que toda gestante precisa saber para uma Gravidez Segura e Saudável

A gestação é um período de grandes mudanças no corpo da mulher, o que pode aumentar o risco de algumas doenças específicas, que podem surgir ou se agravar nesse momento, por isso, o período gestacional exige cuidados redobrados. Conhecer essas condições é fundamental para prevenir complicações e garantir uma gestação segura e saudável para a mãe e o bebê.

Afinal, o que são doenças gestacionais?

Doenças gestacionais são condições que surgem exclusivamente durante a gravidez ou se agravam neste período, influenciadas pelas alterações hormonais, metabólicas e imunológicas. Essas doenças demandam um monitoramento contínuo e especializado, pois a gestação altera a resposta do organismo e as manifestações clínicas podem variar. O acompanhamento pré-natal adequado, com consultas regulares e exames indicados é a principal ferramenta para a detecção precoce e o manejo eficaz dessas doenças, prevenindo complicações graves.

Principais doenças gestacionais

1. Diabetes Gestacional

A diabetes gestacional ocorre quando o corpo da gestante não consegue produzir insulina suficiente para controlar os níveis de açúcar no sangue, levando a um quadro de hiperglicemia. Geralmente surge no segundo ou terceiro trimestre. Isso ocorre, porque, durante a gestação, hormônios produzidos pela placenta (como lactogênio placentário, cortisol e progesterona) causam resistência à insulina, dificultando a captação da glicose pelas células. Em algumas mulheres, o pâncreas não consegue compensar esse efeito produzindo insulina suficiente, levando à hiperglicemia. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a diabetes gestacional afeta aproximadamente entre 5% e 10% das gestantes no Brasil.

Diagnóstico: Basta fazer um exame simples, realizado geralmente entre a 24ª e 28ª semanas por meio do teste oral de tolerância à glicose (TOTG).

Riscos maternos e fetais: se não diagnosticada e tratada adequadamente, pode acarretar riscos significativos. Incluindo maior probabilidade da mãe desenvolver diabetes tipo 2. O bebê está sujeito a macrosomia (peso elevado), que dificulta o parto vaginal e aumenta o risco de cesárea. Maior risco de sofrimento fetal, hipoglicemia neonatal e icterícia. Além de complicações perinatais como parto prematuro.

Sintomas: Geralmente é assintomática, por isso a importância do rastreamento no pré-natal. Quando os sintomas são sintomáticos, é comum ter sede aumentada, fome excessiva, aumento do volume urinário e fadiga.

Tratamento e Prevenção: Envolve mudanças na alimentação, como dieta balanceada, prática de exercícios físicos regulares e monitoramento glicêmico. Em alguns casos, uso de insulina para controlar os níveis de glicose.

2. Hipertensão Gestacional e Pré-eclâmpsia

A hipertensão gestacional é o aumento da pressão arterial e pode evoluir para uma pré-eclâmpsia, quando acompanhada de sinais de danos em órgãos, como rins e fígado, é classificada como pré-eclâmpsia, o que pode colocar em risco a vida da mãe e do bebê. Resulta de uma disfunção endotelial e adaptação vascular anormal da placenta, levando a hipertensão arterial associada a sinais de lesão em órgãos-alvo. A pré-eclâmpsia é responsável por complicações severas, complica cerca de 5 a 10% das gestações e são a principal causa de mortalidade materna no Brasil, responsáveis por cerca de 25% das mortes gestacionais, de acordo com o Ministério da Saúde do Brasil.

Sintomas: Pressão alta persistente, inchaço intenso, dores de cabeça constantes, visão embaçada, dor abdominal e ganho rápido de peso.

Riscos: Pode levar a complicações graves como eclâmpsia (convulsões), descolamento prematuro da placenta, síndrome HELLP (hemólise, elevação das enzimas hepáticas e baixa contagem de plaquetas), restrição de crescimento fetal e até óbito materno e fetal.

Diagnóstico: O principal método para diagnosticar é o exame de sangue com hemograma completo, que avalia níveis de hemoglobina, hematócrito e outras características das células sanguíneas. Exames complementares, como dosagem de ferritina, podem ser solicitados para confirmar a deficiência de ferro e orientar o tratamento adequado.

Prevenção e tratamento: Monitoramento rigoroso da pressão arterial, uso de medicamentos antihipertensivos seguros, repouso e, em casos graves, antecipação do parto.

3. Anemia na Gravidez

A anemia gestacional ocorre principalmente por deficiência de ferro, mineral essencial para a produção de hemoglobina, proteína responsável pelo transporte de oxigênio no sangue. Ocorre devido ao aumento da demanda do organismo para produzir sangue suficiente para a mãe e o bebê.

Riscos: A anemia grave pode causar fadiga intensa, dificultar a oxigenação dos tecidos maternos e fetais, aumentar o risco de parto prematuro e baixo peso ao nascer.

Sintomas: Fraqueza, cansaço extremo, palidez, tontura e falta de ar são os sinais mais comuns.

Tratamento: O tratamento consiste na suplementação de ferro oral ou, em casos mais graves, intravenosa, associada a uma dieta rica em alimentos que favorecem a absorção do mineral. O acompanhamento médico é importante para monitorar os níveis de hemoglobina.

4. Infecções do Trato Urinário (ITU)

As alterações anatômicas e hormonais da gravidez aumentam a predisposição a infecções do trato urinário, que podem evoluir para quadros mais graves como pielonefrite. Durante a gestação, a progesterona provoca relaxamento da musculatura ureteral e o útero em crescimento comprime os ureteres, facilitando o refluxo vesicoureteral e o acúmulo de urina, favorecendo o risco de estagnação urinária e infecções.

Sintomas: Dor ou ardência ao urinar, necessidade frequente de urinar, urina turva ou com cheiro forte, além de febre e dor lombar em casos mais graves.

Riscos: Se não tratadas, podem evoluir para pielonefrite (infecção renal), que representa risco de parto prematuro e outras complicações graves.

Diagnóstico: exame de urina tipo 1, que avalia leucócitos, nitritos, bactérias e outros sinais de infecção. Mas também é essencial realizar a urocultura com antibiograma, pois este exame identifica com precisão a bactéria causadora da infecção e testa quais antibióticos são eficazes contra ela.

Tratamento: O tratamento envolve o uso de antibióticos seguros para gestantes, acompanhados de hidratação e prescrição médica adequada e monitoramento para garantir resolução da infecção, tendo o controle rigoroso para prevenir complicações.

5. Saúde Mental na Gravidez

Além dessas condições, a saúde mental materna também merece destaque. A gravidez pode ser um gatilho para transtornos como ansiedade e depressão, que afetam 10 a 20% das gestantes segundo estudos da Fiocruz, tendo alta prevalência no período gestacional e estão relacionados a desfechos adversos tanto para a mãe quanto para o bebê. Portanto, o acompanhamento psicológico e multidisciplinar faz parte do cuidado integral na gestação.

Sintomas: Tristeza persistente, irritabilidade, ansiedade excessiva, alterações no sono e no apetite.

Tratamento: O acompanhamento psicológico e, quando indicado, o uso de medicamentos adequados são essenciais. O apoio familiar e profissional é fundamental para um cuidado integral.

Consequências: Transtornos não tratados elevam risco de pré-eclâmpsia, parto prematuro, ebaixo vínculo materno-infantil e comprometem o desenvolvimento neuropsicológico do bebê e até a depressão pós parto.

Por que o pré-natal completo é essencial?

O acompanhamento pré-natal rigoroso e humanizado é a principal ferramenta para prevenção, diagnóstico precoce e controle dessas doenças, visto que permite a identificação precoce dessas condições e o planejamento do cuidado necessário para evitar complicações. Consultas regulares, exames laboratoriais e ultrassonografias também permitem identificar alterações, orientando intervenções oportunas que garantam segurança para mãe e o bebê.

A recomendação de realizar pelo menos seis consultas de pré-natal durante a gestação, alinhada com as diretrizes do Ministério da Saúde e da Rede Cegonha, que visam garantir um acompanhamento adequado da saúde da gestante e do bebê.

O pré-natal deve iniciar no primeiro trimestre da gravidez, com a seguinte distribuição das consultas:

    • 1ª consulta: até a 12ª semana de gestação.

    • 2ª e 3ª consultas: durante o segundo trimestre.

    • 4ª, 5ª e 6ª consultas: ao longo do terceiro trimestre.

Além disso, é ideal que, a partir da 34ª semana, as consultas sejam mais frequentes: quinzenais até a 38ª semana e semanais até o parto, que geralmente ocorre entre a 40ª e 42ª semanas. Essas consultas permitem o monitoramento contínuo da gestação, identificação precoce de possíveis complicações e orientação adequada para um parto seguro.

Em suma, as doenças gestacionais demandam atenção contínua e qualificada para evitar complicações que podem ser graves e até fatais. O investimento em pré-natal de qualidade, aliado ao acesso equitativo aos serviços de saúde, é essencial para assegurar uma gestação segura e o nascimento saudável de novas vidas.

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